Comunidade
Nesta terceira parte, queremos focalizar a reflexão no tecido económico-social e na comunidade que sustentam e apoiam as famílias e os projetos educativos. Partimos da forte convicção de que a Educação tem de estar ao serviço da comunidade e de ser fonte de sustentabilidade económica e social mas, por outro lado, de que os projetos educativos têm de ser participados e apoiados por todos os agentes do território em que se inserem.
Temos boas notícias, mas também sinais de preocupação, que são devidos sobretudo ao contexto de crise económica que vivemos.
Instrução e profissão dos encarregados de educação
Instrução
Distribuição em 5 categorias em %

O Barómetro EPIS usa o índice internacional Graffar para caracterizar a famílias em termos socioeconómicos. Este índice tem cinco indicadores e para cada um existem cinco categorias possíveis, ordenadas de forma decrescente em termos de “valor”. A resposta é sempre relativa ao elemento com a melhor classificação de entre mãe e pai ou equivalente.
No primeiro indicador, de instrução (tabela acima), o índice mostra uma evolução positiva no sentido de uma maior escolaridade dos pais ou encarregados de educação, como seria de esperar. Notícias já conhecidas.
Profissão
Resposta: sim

Nestes tempos de crise, o segundo indicador, de profissão/ocupação (tabela acima), sofreu um significativo agravamento, com migração das categorias 3 e 4 para a 5.
Não são boas notícias!
Rendimentos familiares
Rendimentos
Distribuição em 5 categorias em %

Um terceiro indicador do índice Graffar avalia o rendimento mais elevado de entre mãe e pai (tabela acima), onde se confirma, desde 2007, a degradação significativa dos vencimentos certos e o aumento de remunerações inferiores, com destaque para a triplicação da percentagem relativa a subsídios.
Situação financeira
Resposta: sim

O Barómetro EPIS registou ainda um agravamento das dificuldades financeiras sentidas pelas famílias entre 2010 e 2012 (tabela acima), em que prevaleceram situações de desemprego em cerca de 80% dos casos.
Foi possível ainda registar em 2012 uma redução dos apoios da ação social escolar em relação a 2010, situação que se deve agravar provavelmente em 2013 e anos vindouros.
Estas são más notícias e poderão ter o seu reflexo na qualidade dos resultados escolares dos próximos anos.
Habitação e zona residencial
Habitação
Distribuição em 5 categorias em %

Residência

O Barómetro EPIS regista uma melhoria significativa na qualidade da habitação e das zonas residenciais – ver crescimento da categoria 2 nos indicadores de habitação e de residência do índice Graffar, na tabela acima. Outra coisa não seria de esperar, tendo em conta o crescimento do parque habitacional em todo o país e também as condições de acesso fácil ao crédito hipotecário.
São boas notícias, pois estes indicadores são fatores de proteção para os jovens em idade escolar.
Proximidade e transporte
Proximidade e deslocação


A evolução das condições de proximidade e deslocação dos alunos registada no Barómetro EPIS parece razoável e condizente com (1) a reordenação do parque escolar concelhio no sentido de uma menor capilaridade e de uma maior dimensão, e (2) o aumento dos serviços de transportes escolares por parte das autarquias, com financiamento do Governo:
• Há cada vez mais alunos a deslocarem-se de transporte e com tempos de deslocação inferiores a 30 minutos em mais de 90% dos casos.
• Os alunos que se deslocam a pé fazem-no em trajetos inferiores a 15 minutos em mais de 80% dos casos.
São boas notícias, que espelham uma adequada articulação entre as autarquias e as escolas em termos de transportes escolares, tendo em conta a reordenação dos parques escolares concelhios.
Cabe a cada leitor fazer uma reflexão e um balanço sobre estes indicadores.
Pela nossa parte, acreditamos que estes indicadores da área social, económica e comunitária apresentam uma evolução positiva, exceção feita às questões relacionadas com os rendimentos familiares, afetadas pela crise que vivemos e conhecemos.
Sabemos que o agravamento das condições financeiras das famílias não são boas notícias para a Educação, pois determinam o surgimento de novos fatores de risco para o sucesso escolar dos jovens.