Boas notícias
sobre educação em Portugal

A partir do Barómetro EPIS 2007-2012

Escola

Nesta segunda parte, queremos focalizar a reflexão na escola – e nos recursos humanos dedicados -, onde o projeto e os processos educativos se devem desenvolver, em estreita ligação com a família e a envolvente territorial.

Temos boas notícias!

Utilidade e assiduidade

Utilidade da Escola

Resposta: sim

Sentes que o que aprendes na escola é útil para a tua vida futura?

Sentes que o que aprendes na escola é útil para a tua vida futura?

Assiduidade

Resposta: sim

O aluno é assíduo?
(pergunta ao diretor de turma)

O aluno é assíduo?

Os jovens portugueses parecem ter adquirido uma forte consciência de que o valor e a utilidade da Educação para a vida futura de cada indivíduo são inquestionáveis – respostas afirmativas acima de 97% -, mesmo em períodos de crise como o que vivemos desde 2008.

A evolução do indicador de utilidade parece estar bastante em linha com a do indicador de assiduidade dos alunos, uma vez que este último é uma das consequências práticas da valorização da escola. Sabemos que a evolução destes indicadores se deve também a um reforço do discurso público sobre o valor da Educação nos ciclos políticos a partir de 2005 e à introdução de processos mais expeditos e eficazes de monitorização diária da assiduidade e da pontualidade dos alunos por parte das escolas.

De qualquer modo, temos boas notícias!

Conforto Físico

A evolução positiva dos indicadores sobre conforto físico nas escolas parece inquestionável ao longo do período de 2007 a 2012. Só podia ser assim, uma vez que correspondeu a um dos maiores ciclos de investimento em infra-estruturas escolares, seja em termos de ampliação seja em termos de modernização da rede nacional.
No que diz respeito ao tamanho da escola, a evolução para modelos de centros escolares com ciclos integrados e de agrupamentos de escolas determinou uma crescente sensação de “grandeza” por parte dos alunos.

Ao invés, menos alunos sentem a sua escola como sendo “acanhada”.
Na avaliação do conforto térmico, como seria de esperar para um parque escolar como o de Portugal atualmente, verifica-se também uma evolução muito positiva. Apesar disso, parece haver ainda um potencial grande de melhoria, sobretudo no Inverno. Este é um bom desafio futuro para os arquitetos de escolas, devendo aprender-se com os erros realizados recentemente – por exemplo, o uso intensivo de materiais de construção como o vidro e a opção por sistemas de ar ventilado/condicionado complexos e dispendiosos.

Recursos Educativos

Resposta: sim

A tua escola tem os recursos educativos suficientes?

A tua escola tem os recursos educativos suficientes?

Uma das evoluções mais significativas do Barómetro EPIS verifica-se na área dos recursos educativos. Estes dados espelham de forma bastante clara que o investimento feito teve forte impacte na motivação dos alunos. Já foi referido o Plano Nacional de Leitura e a Rede de Bibliotecas Escolares. Mas temos de ter em conta também o Plano Tecnológico da Educação, os programas de atividade de enriquecimento curricular, os novos equipamentos de experimentação e laboratórios, os novos espaços e formatos de lazer e de socialização, entre outros.

Tudo boas notícias!

Liderança e Gestão

Liderança e Gestão

Resposta: sim

A tua escola é exigente em termos de ordem e disciplina?

A tua escola é exigente em termos de resultados escolares?

A tua escola tem uma boa imagem para a comunidade local?

O Diretor da tua escola trabalha para melhorar a tua escola?

Sentes que a tua escola desenvolve atividades para pais e encarregados de educação?

(ex: festas, atividades desportivas, palestras, exposições, outras)

Também ao nível da liderança e gestão das escolas por parte dos diretores, os alunos parecem ter em 2012 uma perceção muito mais positiva que em 2007. Assim deveria ser, uma vez que o ciclo governativo de 2005 a 2009 foi dos períodos em que mais se trabalhou a melhoria da liderança e dos processos de gestão das escolas, desde logo com a introdução de um novo modelo de governança e de novos formatos de organização do trabalho dos professores.
Já são boas notícias e deveremos ter mais com o tempo!

O grande desafio que falta vencer é o da participação das famílias na vida das escolas – em Portugal, mas também em muitos países europeus. Não só o patamar de perceção é baixo – cerca de 60% -, como não parece ter havido grande melhoria entre 2010 e 2012, período em que a EPIS iniciou a aferição desta dimensão. Esta deve ser matéria de reflexão por parte de pais, diretores, professores e alunos, mas também de responsáveis políticos e técnicos da Educação.

Temos de trabalhar todos para ter melhores notícias no futuro!

Professores

Professores

Resposta: sim

Os professores esforçam-se para que os alunos aprendam as matérias escolares?

Os professores estão disponíveis para abordar assuntos para além dos relacionados com matéria?

Os professores são justos em relação ao cumprimento das regras e punições?

Os professores são justos em relação à avaliação dos alunos?

O teu diretor de turma interessa-se na resolução dos problemas dos seus alunos?

O teu diretor de turma tem disponibilidade para receber pais e encarregados de educação?

Desde 2007, o Barómetro EPIS tem registado uma elevada satisfação dos alunos da faixa etária dos 12 aos 15 anos em relação aos seus professores.
Estes resultados são indicadores de um bom ambiente de escola: o esforço e interesse dos professores é reconhecido; há um clima de confiança, de disciplina, de justiça;

Os professores não se limitam a “dar a matéria”, acompanham os alunos na sua vida e são recetivos em relação à família.
Os professores são o maior ativo das escolas e são muito valorizados pelos seus “clientes diários” neste Barómetro EPIS, constituindo este resultado um grande fator de proteção destes jovens em idade escolar.

As notícias não podiam ser melhores!

Violência e Substâncias

Violência

Resposta: sim

O Barómetro EPIS ausculta alunos em idade de adolescência. As relações dos adolescentes incorporam níveis de agressividade e até de conflitualidade que não se observam tanto em idades anteriores ou posteriores. Sendo assim, os resultados globais apresentados não se estranham tanto em relação à violência percebida – acima dos 60% -, pois ela concentra-se a nível dos pares e é muito reduzida em relação aos professores e restante pessoal da escola. Uma perceção de maior violência na área envolvente, vis-à-vis no caminho casa-escola, relaciona-se também com a questão entre pares.

Em todo o caso, estas notícias devem merecer e merecem a melhor atenção por parte de todos os responsáveis de Educação. A EPIS partilha estes resultados com cada escola sempre que realiza os inquéritos, focando a atenção na variação destes indicadores.

Substâncias

Resposta: sim

O Barómetro EPIS ausculta a perceção/satisfação dos alunos. Nesta dimensão, pela “perceção de gravidade” que existe nas comunidades, em alguns casos, os resultados são influenciados por eventos próximos ou mesmo já algo distantes da recolha de dados. Neste sentido, deve-se prestar mais atenção à evolução dos indicadores do que ao patamar absoluto em que se encontram.

Temos boas ou más notícias? Apesar de alguma evolução positiva, os patamares de resposta não podem ser aceites como bons.

Estes resultados confirmam que o uso de substâncias é e deve continuar a ser uma das matérias de maior atenção por parte dos pais e dos recursos humanos das escolas. O combate ao tabagismo, ao consumo de álcool e de drogas deve ser permanente. Também nesta dimensão, a EPIS partilha os resultados com cada escola sempre que realiza os inquéritos, focando a atenção na variação destes indicadores.

Os dados concelhios deste Barómetro EPIS – não disponíveis neste documento - apontam para um maior consumo de drogas em meio urbano e de álcool em meio rural.

Cabe a cada leitor fazer uma reflexão e um balanço sobre estes indicadores. No caso de serem pais de jovens em idade escolar, em especial de adolescentes, as questões sobre a violência e sobre o uso de substâncias na escola devem ser matéria de reflexão e de monitorização e partilha com a escola.

Pela nossa parte, acreditamos que os indicadores deste capítulo apresentam uma avaliação muito positiva da evolução do trabalho das Escolas - mérito de Professores, Técnicos e Assistentes Operacionais -, mas também de políticas educativas focalizadas na melhoria da eficácia e da eficiência do sistema educativo em Portugal.

Por tudo, acreditamos que são sobretudo boas notícias sobre Educação em Portugal.