Família
Nesta primeira parte, queremos focalizar a reflexão nos alunos e famílias, como destinatários principais – “ou mesmo “clientes” – e também protagonistas primeiros do processo educativo, que começa na família, continua na escola e se alarga por toda a comunidade. Temos boas notícias!
Sensação de bem-estar e ajuda familiar
Bem-estar familiar
Índice Apgar Familiar. Resposta: sempre
Através do indicador internacional denominado “Apgar familiar” (composto pelas perguntas acima apresentadas), podemos aferir a perceção dos alunos sobre o afeto e ajuda que recebem em ambiente familiar. Desde 2007, a informação recolhida aponta para a ausência de défices relevantes de afeto familiar (Sentes que a tua família gosta de ti?), de uma forma geral, com níveis de satisfação acima dos 90% e evidenciando ligeira melhoria sustentada de 2007 para 2012. Nas restantes questões, mais focalizadas na perceção de “apoio e ajuda no dia-a-dia” por parte da família, em 2007 podia-se observar um relativo défice de satisfação – satisfação entre 52,7% e 78,9% -, que se atenua muito em 2010 e depois em 2012 – satisfação entre 61,9% e 87,0%.
Apoio na educação
e nas atividades escolares
Ligação dos pais à escola
Quando questionados sobre aspetos concretos de apoio nas atividades escolares (perguntas acima referidas), o nível médio de satisfação dos jovens é muito elevado – acima dos 81% em 2010 – e mostrou também uma melhoria marginal em 2012.
Estes resultados levam-nos a acreditar num melhor funcionamento genérico da “célula familiar”, em termos de afeto e em termos de “espaço de crescimento e interajuda”. Isto representa um importante fator de proteção dos jovens vis-à-vis outros fatores de risco, nomeadamente observáveis no ambiente escolar. Boas notícias!
Expectativas escolares por parte do aluno
e da sua família
Expetativas escolares dos alunos
Expetativas escolares da família
As expectativas escolares dos alunos e famílias apontam para a fasquia mínima do 12.º ano de escolaridade em mais de 90% dos inquiridos desde 2007, o que traduz uma adequada valorização da Educação em Portugal por parte dos destinatários principais. Estes resultados são bastante estáveis entre 2007 e 2012, com exceção de uma redução relevante dos alunos com expetativas de finalização apenas do 9.º ano a partir de 2010, fruto da introdução da escolaridade obrigatória de 12 anos.
Boas notícias!
Rotinas familiares
Regras e rotinas
Resposta: sim
Em tua casa, existem regras que têm de ser cumpridas?
Quando não cumpres as regras és castigado?
Em tua casa, o jantar em família é um hábito?
Quando questionados sobre a existência/frequência de regras e rotinas familiares (perguntas acima referidas), temos um nível médio de respostas elevado – entre 62% e 97% -, com destaque para uma forte sensação de que existem regras a cumprir (acima de 92%) e para hábitos enraizados acerca do jantar em família (acima dos 94%), com frequência diária muito elevada (acima dos 83%).
No entanto, temos sinais pontuais que, apesar de poderem estar em linha com o contexto de vida atual, merecem alguma reflexão: uma maior permissividade relativa (1) aos horários de computador e televisão e (2) às saídas com amigos. Pela positiva está o facto de estes indicadores terem mostrado uma ligeira melhoria entre 2010 e 2012.
Boas notícias, ainda!
Hábitos de leitura
Resposta: sim
É habitual em casa lerem-se livros, jornais, revistas,…?
Já no que diz respeito aos hábitos de leitura na família, parece haver uma evolução negativa entre 2007 e 2012 – redução de cerca de 10% -, a partir de um patamar inicial de 65,5%, que já não seria uma realidade muito positiva face às melhores práticas internacionais – como por exemplo, a Suécia e a Finlândia. Sendo este um dos indicadores importantes em termos de educação e cultura de uma população, e apesar de um enorme investimento em termos de políticas públicas durante este período - através do Plano Nacional de Leitura e da Rede de Bibliotecas Escolares, entre outros -, as famílias portuguesas poderão estar a migrar para outras formas de informação e de “entretenimento cultural” mais fáceis de adquirir e de “digerir” – internet e televisão sobretudo.
Neste caso, as notícias são sobretudo um sinal dos tempos e poderão ser ponto de partida para uma boa discussão.
Cabe a cada leitor fazer uma reflexão e um balanço sobre estes indicadores. No caso de serem pais de jovens em idade escolar, alguma desta informação pode ser a base para um esforço de mudança “lá em casa”.
Pela minha parte, acreditamos que estes indicadores apresentam um caminho muito positivo feito pelas famílias e jovens portugueses em idade escolar ao longo dos últimos anos, que é o resultado de um esforço generalizado da sociedade portuguesa, incluindo os próprios,
mas também o Governo, as Autarquias, as Escolas (professores, técnicos e auxiliares), as Empresas, o Sector Social e demais partes interessadas. Quanto às mensagens de alerta deste Barómetro EPIS, devemos concentrar-nos na sua monitorização e melhoria com certeza, mas sabendo que eles são também, em grande medida, um “sinal dos tempos”.
Por tudo, acreditamos que são boas notícias sobre Educação em Portugal.